segunda-feira, 23 de julho de 2012

Em manutenção...





Vamos começar a arrumar os links que estão no megaupload. Transferindo para outro servidor... logo mais tem coisa nova por aqui. Abraço a todos !!

domingo, 22 de maio de 2011

Secos e Molhados - 1973


Lançado em 1973, o primeiro disco dos Secos e Molhados trazia uma musicalidade que bebia tanto da Tropicália como do Clube da Esquina, em um flerte intenso com a música latino-americana e com o rock progressivo, claramente perceptível em praticamente todas as faixas do álbum.

Com uma musicalidade simples – sem maiores preocupações harmônicas e complexidade melódica e/ou rítmica – mas, ainda assim, bem elaborada, os compositores João Ricardo e Gerson Conrad, junto com seus parceiros, apresentaram neste disco de estréia canções curtas e melodiosas que logo cativaram um público considerável, de modo que o disco vendeu cerca de trezentas mil cópias e projetou nacionalmente o grupo, que passou a fazer muitas apresentações pelo Brasil e, posteriormente, pelo exterior.

Em suas apresentações ao vivo, os Secos e Molhados destacaram-se pelos desempenhos teatrais, irreverentes e ousados e pelas suas maquiagens extravagantes, que condiziam perfeitamente com sua atitude e com suas músicas, que em geral tinham letras sarcásticas, além de bastante poéticas.

Outro grande destaque do grupo foi, sem dúvida, a revelação de Ney Matogrosso, um dos maiores intérpretes modernos da música brasileira, dono de uma voz incomum e de uma sensibilidade interpretativa notável. Ney passou apenas dois anos na formação dos Secos e Molhados, partindo depois para uma carreira solo muito bem sucedida e longeva, que rende bons frutos até os dias de hoje.

Se, à época do seu lançamento, o álbum de estréia dos Secos e Molhados foi bem recebido pelo público e por parte da crítica, hoje, mais de 30 anos depois de lançado, este disco ainda é considerado um belo trabalho, apontado por muitos como um dos cem maiores discos da música popular brasileira no século XX. Sua coerência estética, sua proposta neo-tropicalista de renovação e de assimilação de novos elementos musicais e sua grande aceitação por várias gerações o fazem, de fato, um álbum clássico da música brasileira, sobretudo de uma linhagem mais pop que a MPB seguiu a partir do final dos anos sessenta.

Os Secos e Molhados são, assim, uma das bandas que obtiveram os melhores resultados neste contexto de crescente assimilação de gêneros internacionais pela música brasileira, pois não simplesmente emularam ou importaram gêneros estrangeiros, mas lograram forjar um estilo próprio a partir da fusão de vários gêneros. Estilo que veio a influenciar artistas tanto de sua geração como de gerações posteriores, que reconhecem no grupo uma das principais referências da boa música pop(ular) brasileira.



(Denisson Ventura)



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quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Novos Baianos - Acabou Chorare 1972


No início da década de 1970, o que se convencionou chamar MPB já estava bem consolidado: uma música rica melódica, rítmica e harmonicamente. A Bossa-Nova foi, sem dúvida, a maior fonte dessa riqueza harmônica, pois em termos de melodia e ritmo a música popular brasileira sempre se destacou sobremaneira.

Se, por um lado, a Bossa-Nova legou um importante patrimônio harmônico para a MPB, por seu turno, o tropicalismo abriu a música brasileira para as influências estrangeiras (rock e música latino-americana, sobretudo) e também resgatou outros elementos da própria música brasileira que haviam sido esquecidos ou desprezados por uma atitude mais elitista. Ou seja, no final da década de 1960 e começo da seguinte, a música popular brasileira era mais popular, diversificada e universal do que nunca, graças a todas essas contribuições.

Seguindo uma linha evolutiva baseada tanto na tradição harmônica sofisticada herdada da bossa e da nova MPB quanto numa liberdade de criação típica da música mais pop, os Novos Baianos surgiram no cenário musical brasileiro final dos anos 60 e inícios dos 70 com uma música ao mesmo tempo sofisticada, descontraída, elaborada e nova.

Formado, basicamente, por Moraes Moreira, Paulinho Boca de Cantor, Luiz Galvão, Dadi Carvalho, Jorginho Gomes, Pepeu Gomes e Baby Consuelo (também teve em sua formação inicial Baixinho e Bolacha), o grupo lançou seu primeiro álbum, “Ferro na Boneca”, em 1970, ainda com mais influência do rock do que da MPB. Embora não seja um disco clássico, não tenha obtido grande êxito comercial e não tenha chamado a atenção da crítica à época de seu lançamento, este primeiro disco já dá uma pequena mostra da mistura de gêneros que os Novos Baianos propunham, até mais natural do que proposital, já que o grupo era formado por músicos com influências diversas, tendo todos em comum uma grande musicalidade e muito entrosamento.

Em 1972, depois de uma intensa convivência com o grande ícone da Bossa-Nova, João Gilberto, que era considerado pelo grupo um verdadeiro guru musical, os Novos Baianos suavizaram um pouco as guitarras distorcidas e investiram mais maciçamente em harmonias elaboradas, em poesia e em samba, sem deixar de lado o rock, mas lançando mão dele de uma maneira mais suave e sutil.

A partir dessa guinada em sua concepção musical, que aconteceu sob a influência de João Gilberto, o grupo lançou o clássico álbum “Acabou Chorare”, que chegou a ser considerado o melhor álbum brasileiro de todos os tempos pela revista especializada Rolling Stone.

Exageros à parte, “Acabou Chorare” é, de fato, um grande disco, muito coerente, pulsante e elaborado, que nunca se tornou datado ou ultrapassado. Os Novos Baianos , coletivamente (embora a maior parte das músicas sejam exclusivamente dos parceiros Moraes Moreira e Galvão), conseguiram produzir um disco de excepcional qualidade, que influenciou artistas contemporâneos ao seu lançamento e de gerações posteriores. Pode-se dizer, sem medo de errar, que “Acabou Chorare” é um dos discos mais importantes da música popular brasileira. Um disco que traçou um caminho seguido por muitos.



(Denisson Ventura)



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quinta-feira, 15 de abril de 2010

Chico Buarque - Construção - 1971


Que Chico Buarque de Hollanda é genial pouca gente ignora ou duvida; como alguém já falou, Chico é uma das poucas unanimidades do Brasil. Não se pode assegurar se ele é, de fato, uma unanimidade, mas uma coisa não se deve negar: Chico é o compositor mais completo surgido no Brasil nos últimos 40 anos; ninguém fez sozinho, em termos de letra e música, tantas obras-primas como ele. O próprio Caetano Veloso, outro grande nome da canção (e da cultura) brasileira, afirma que Chico é o mais perfeito e o mais preciso compositor de letra e música do Brasil. Além da grande qualidade e beleza de suas letras, suas músicas são de um requinte harmônico e melódico notável.

No entanto, se a qualidade de suas canções é inegável desde o seu primeiro disco, lançado em 1966, sua discografia só começa a tornar-se verdadeiramente interessante a partir de 1970, com “Chico Buarque de Hollanda Vol.4”, quando Chico começa a preocupar-se mais com a produção de seus discos. Em 1971, ao lançar “Construção”, disco que conta com uma produção ainda mais bem cuidada e coerente, Chico mostra-se mais preocupado com a questão discográfica mesma de sua obra.

Construção é um disco cheio de referências distintas: produzido por Roberto Menescal, tem samba, versão de música italiana, parceria com Tom Jobim, com Vinícius de Moraes e com Toquinho. Neste disco definitivo para a música brasileira e de extrema importância para a renovação da estética lítero-musical de Chico Buarque, consolida-se a parceria deste com o MPB-4, que já participava de seus discos – cantando, tocando e/ou fazendo arranjos – desde 1967, com o “Chico Buarque de Hollanda Vol. 2”.

A maior parte dos arranjos de base de “Construção” são do próprio MPB4, que também fez os arranjos vocais. Infelizmente, como é comum em discos dessa época, não há créditos para os músicos participantes e para os arranjadores, o que nesse disco em particular é um defeito grave, uma vez que se trata de um disco clássico. No entanto, há pelo menos três faixas em que os arranjos de orquestra não poderiam deixar de ser identificados, graças à genialidade de seus autores, que são inconfundíveis: a faixa-título e “Cotidiano” têm arranjos personalíssimos de Rogério Duprat e “Olha, Maria”, de Antônio Carlos Jobim (autor da música, que tem letra de Chico e Vinícius).

Em “Construção”, a obra já rica e definitiva de Chico Buarque prossegue reafirmando-se, mas dando uma guinada – ainda que suave e iniciada com o álbum anterior – e ganhando maior modernidade e sofisticação em termos de melodia, harmonia e letra. Contribuíram pra isso talvez a influência de outros mestres, como seu contemporâneo Milton Nascimento, o mestre Tom Jobim e um diálogo sutil com os tropicalistas; além, é claro, da própria genialidade de Chico, sempre atento à modernidade sem perder de vista a rica herança da tradição da música popular brasileira.


(Denisson Ventura)






terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Milton Nascimento e Lô Borges - Clube da Esquina - 1972



Se na década de 1960 a música brasileira ganhou o respeito e a admiração do mundo através do grande êxito da Bossa-Nova e de toda música que, de alguma forma, derivou das conquistas que este movimento trouxe, nos anos 70, graças à ousadia e inventividade de vários músicos e compositores das mais diversas tendências, a MPB consolidou-se como música extremamente rica, diversificada e universal.

Não há dúvida de que o movimento tropicalista (além da própria dinâmica sócio-cultural do mundo moderno e globalizado), contribuiu consideravelmente para uma abertura da música popular brasileira e para novas influências, inclusive e sobretudo internacionais, como por exemplo o uso de guitarras, que era mal visto pelos puristas e conservadores, pela identificação deste instrumento com o rock’n roll e com outros gêneros estrangeiros. Gêneros que não deveriam, para os mais conservadores, ser assimilados pela música brasileira, pois contaminariam sua suposta pureza. Mas esta assimilação seria, além de necessária, inevitável.

Assim, enfim suplantados (ou ao menos reduzidos) os preconceitos e resistências relativos a uma maior "universalização" da MPB, o terreno estava preparado para o surgimento de uma nova música e de novos estilos, alguns mais efêmeros e menos consistentes, outros completamente expressivos e transformadores, como foi o caso da música do grupo de compositores que fizeram parte do Clube da Esquina.

O Clube da Esquina foi, para muitos especialistas, o movimento musical brasileiro mais importante da segunda metade do século XX depois da Bossa-Nova, pois como esta e diversamente do Tropicalismo (ou Tropicália, como preferem os que fizeram parte do movimento), o Clube foi um movimento estritamente musical e extremamente inovador nesse sentido, uma vez que criou uma estética totalmente nova e original.

Originalidade é, decerto, a palavra que melhor caracteriza a estética lítero-musical criada pelos compositores e músicos do Clube da Esquina. Reunidos em torno da talentosa e generosa figura de Milton Nascimento, artistas como Lô Borges, Toninho Horta, Tavito, Robertinho Silva, Luiz Alves, Novelli, Naná Vasconcelos, Wagner Tiso, Nelson Ângelo, Beto Guedes, Fernando Brant, Márcio Borges, Ronaldo Bastos, entre outros grandes nomes, forjaram uma sonoridade única e instigante, ao mesmo tempo brasileira e cosmopolita, barroca e moderna, interiorana e urbana, simples e sofisticada. Sonoridade que causou imenso impacto em músicos de vários lugares e gerações e que só poderia ter se formado no Brasil.

Estes jovens músicos, compositores e letristas conseguiram criar uma estética revolucionária, que foi-se firmando desde o fim dos anos 60 a partir da força criadora de Milton Nascimento e tomou forma definitiva com o disco Clube da Esquina, lançado em 1972.

Concebido a partir da intenção de Milton de projetar a nova música mineira na cena musical brasileira de então, o álbum Clube da Esquina (o primeiro LP duplo da música brasileira, ao lado de Fatal, de Gal Costa) foi produzido de uma maneira bastante elaborada. e peciuliar. Tudo foi pensado de modo a dar uma coerência e criar mais do que um disco, mas uma obra conceitual, com uma proposta de verdadeira renovação estética. Desde a capa (que não tem, propositalmente, o nome dos artistas, mas apenas a foto de dois meninos anônimos), a seleção de repertório e a ordem das faixas, até a criação dos arranjos, tudo no álbum Clube da Esquina reflete muito o caráter gregário e coletivo de sua criação.

Ironicamente – mas como é comum no Brasil –, à época de seu lançamento, o disco não teve sucesso imediato, e alguns críticos desatentos e reacionários decretaram o fim da carreira de Milton Nascimento, já que se juntou a um jovem de 19 anos de idade e a vários outros jovens para fazer um disco experimental. No entanto, desde seu lançamento até os dias de hoje, quase quatro décadas depois, o álbum Clube da Esquina foi reconhecido, ainda que por poucos como revolucionário e mudou para sempre os rumos da moderna música popular brasileira.


(Denisson Ventura)





1. Tudo que você podia ser (Márcio Borges - Lô Borges)
2. Cais (Milton Nascimento - Ronaldo Bastos)
3. O trem azul (Lô Borges - Ronaldo Bastos)
4. Saídas e Bandeiras nº 1 (Milton Nascimento - Fernando Brant)
5. Nuvem cigana (Lô Borges - Ronaldo Bastos)
6. Cravo e canela (Milton Nascimento - Ronaldo Bastos)
7. Dos cruces (Carmelo Larrea)
8. Um girassol da cor de seu cabelo (Márcio Borges - Lô Borges)
9. San Vicente (Milton Nascimento - Fernando Brant)
10. Estrelas (Márcio Borges - Lô Borges)
11. Clube da Esquina nº 2 (Lô Borges - Milton Nascimento)
12. Paisagem na janela (Lô Borges - Fernando Brant)
13. Me deixa em paz (Ayrton Amorim - Monsueto)
14. Os povos (Márcio Borges - Milton Nascimento)
15. Saídas e Bandeiras nº 2 (Milton Nascimento - Fernando Brant)
16. Um gôsto de Sol (Milton Nascimento - Ronaldo Bastos)
17. Pelo amor de Deus (Milton Nascimento - Fernando Brant)
18. Lilia (Milton Nascimento - Fernando Brant)
19. Trem de doido (Márcio Borges - Lô Borges)
20. Nada será como antes (Milton Nascimento - Ronaldo Bastos)
21. Ao que vai nascer (Milton Nascimento - Fernando Brant)

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