terça-feira, 26 de maio de 2009

Edu Lobo - A Música de Edu Lobo por Edu Lobo - 1965



Edu Lobo é um dos nomes que melhor representam a grande renovação pela qual a música popular brasileira passou na década de 1960. O precoce compositor foi, de fato, um dos protagonistas dessa renovação e enriquecimento da MPB. Aliás, a própria sigla “MPB” surge a partir desse momento para designar a música popular produzida nessa década por um conjunto de brilhantes compositores jovens que prezavam muito a questão harmônica e melódica, mas que não se esqueciam da importância de letras mais engajadas ou, pelo menos, mais reflexivas do que as letras bossanovistas, marcadas por um lirismo ingênuo e apolítico.

Por outro lado, é notório que a Bossa-Nova foi uma forte influência para Edu Lobo e seus colegas de geração. É inestimável o avanço qualitativo da nossa música, sobretudo em termos harmônicos, depois desse movimento musical. No entanto, sabemos que a arte reflete, em parte, o momento histórico e cultural de um lugar. E o momento pedia mais do que músicas que cantassem a beleza da mulher carioca, o mar e o sol do Rio de Janeiro. Edu Lobo e os compositores de sua geração entenderam esse momento e produziram uma música mais engajada, mais reflexiva e mais comprometida com as questões políticas e sociais.

Em termos estritamente musicais, a música dessa época agregou novas influências rítmicas e melódicas, somando à riqueza harmônica advinda da Bossa-Nova elementos de gêneros regionais, como moda de viola, baião, a musicalidade afro (da Bahia, de Minas Gerais, de Pernambuco, etc.), entre outros.


Nesse contexto, Edu Lobo foi um dos inauguradores dessa nova fase da música brasileira. Sendo carioca, mas passando boa parte da infância no Recife (onde tinha família e costumava passar férias), Edu assimilou a musicalidade nordestina, representada pela música de Pernambuco: os pregões de rua, o baião, o frevo, as cirandas, o maracatu e a música folclórica de um modo geral foram amalgamados no seu inconsciente e formaram a sua singular musicalidade, que já tinha uma forte influência da música urbana carioca, sobretudo dos bossanovistas.


Em seu disco de estréia, ele já nos dá uma irrepreensível demonstração de sua verve de criador, de verdadeiro renovador musical. Nas 12 músicas do álbum – gravado em 1965, quando o compositor tinha apenas 22 anos – pode-se perceber a originalidade e a força de sua musicalidade. Mesmo nas canções mais bossanovistas, como “As mesmas histórias” e “Canção do amanhecer”, nota-se que a marca de Edu Lobo já existe, sua sintaxe musical já é distinta da bossa de seus predecessores. Outras canções, como “Borandá”, “Reza”, “Zambi” (retirada da trilha sonora “Arena conta Zumbi”, composta para a peça de Gianfrancesco Guarnieri) e “Chegança” mostram muito bem os elementos regionais de sua música, bem como uma influência da musicalidade afro-brasileira (influência talvez oriunda do maracatu).


Pode-se dizer, dessa maneira, que Edu Lobo é um compositor imprescindível para a formação e consolidação da música brasileira moderna; um mestre que soube amalgamar as mais diversas influências em sua música - regionais e universais, ancestrais e modernas - contribuindo para o enriquecimento da MPB

(Denisson Ventura)

Faixa a faixa:

1 - Boranda

2 - Resolução

3 - As mesmas historias

4 - Aleluia

5 - Canção da terra

6 - Zambi

7 - Reza

8 - Arrastão

9 - Réquiem por um amor

10 - Chegança

11 - Canção do amanhecer

12 - Em tempo de adeus


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sexta-feira, 22 de maio de 2009

Tom Jobim - Caymmi Visita Tom - 1964

A década de 1960 foi bastante fértil na carreira de Antônio Brasileiro. Por essa época, ele compôs dezenas de músicas, gravou diversos discos aqui e nos Estados Unidos, de onde seu prestígio irradiou-se pelo mundo todo, e construiu uma das obras mais respeitáveis da música popular brasileira e universal. Uma obra marcada pela sofisticação, extrema qualidade e notável originalidade. E por falar em originalidade, nesse disco de 1964, o maestro soberano recebeu a ilustre visita de um dos grandes inventores da MPB, o mestre Dorival Caymmi! Sem dúvida, um dos músicos mais originais já surgidos no Brasil.
Nessa ocasião, que mais parece – e não deixa de ser – um encontro de velhos amigos, Caymmi levou sua esposa e sua filha para cantar junto com ele e seu anfitrião. Aliás, esse é, oficialmente, o disco de estréia de Nana Caymmi, que se tornaria uma das maiores intérpretes da MPB a partir da década de 1970. Nana canta, no disco, as músicas “Tristeza de nós dois”, um clássico da Bossa-Nova, do gaitista e compositor Maurício Einhorn e do multiinstrumentista Bebeto (com letra de Durval Ferreira) e a belíssima canção “Sem você”, de Tom e Vinícius. Nas duas interpretações, Nana já mostra ao que veio. Junto ao pai, ela canta “Inútil Paisagem”, de Tom e Aloysio de Oliveira. Stella Caymmi, a mulher do velho compositor, era cantora profissional quando o conheceu e, nesse disco, estão alguns dos seus poucos registros como cantora. Sozinha, ela canta “Canção da noiva”, da “Suíte dos Pescadores”, que Caymmi compôs na década de 1950.
Desse modo, “Caymmi visita Jobim” é um dos encontros mais felizes e emblemáticos, em disco, da música popular brasileira, pois representa a união de dois mestres de diferentes gerações da nossa música, além da estréia de uma das maiores vozes femininas da MPB. Cada qual portador de musicalidades ímpares e de fundamental importância para a evolução da nossa música popular.


(Denisson Ventura)
Faixa a faixa



01 - ...Das Rosas
02 - Só Tinha De Ser Com Você
03 - Inútil Paisagem
04 - Vai De Vez
05 - Canção Da Noiva
06 - Saudade Da Bahia
07 - Tristeza De Nós Dois
08 – Berimbau
09 - Sem Você

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