sábado, 20 de junho de 2009

Elizete Cardoso - Canção do Amor Demais - 1958


Depois do êxito da parceria iniciada com a trilha sonora da peça “Orfeu da Conceição” (1954), Antônio Carlos Jobim e Vinícius de Morais juntaram-se novamente e produziram um conjunto de obras primorosas que mudaria para sempre os rumos da música brasileira. Para interpretar essa nova safra de canções, os compositores convidaram Elizete Cardoso, já uma cantora de grande prestígio nessa época. O resultado dessa parceria foi este álbum, gravado e lançado em 1958 pela gravadora Festa, com arranjos de Jobim.

A escolha de Elizete Cardoso deu-se pela sua grande qualidade e versatilidade vocais e pela sua notável sensibilidade interpretativa, como o próprio Vinícius destacou no encarte do histórico álbum. Evidentemente, sua popularidade também pesou nessa escolha.

Embora Elizete estivesse ainda ligada a um modo mais “tradicional” de cantar, com uma pronúncia forte de “erres” e o uso de bastante vibrato, ela já apresentava uma divisão mais moderna, podendo ser considerada uma intérprete de transição.

E é isso que este disco representa: uma transição. Transição em termos harmônicos, melódicos, rítmicos, de letras e de arranjos. Numa época em que dominavam os sambas-canções e boleros derramados (às vezes, até dramalhões), Tom Jobim chegou com seus sambas e canções modernos, minimalistas, com arranjos econômicos e sofisticados, que mais lembravam música de câmara, com toda sua elegância e simplicidade.

O álbum é uma verdadeira reunião de obras-primas de Tom e Vinícius, sendo nove músicas feitas em parceria, duas só de Tom (Outra vez e As praias desertas) e duas só de Vinícius (Medo de amar e Serenata do adeus). Mas foram duas faixas específicas deste álbum que o tornaram revolucionário e extremamente emblemático: “Outra vez” e “Chega de saudade”, que contaram com o violão sui generis do jovem músico João Gilberto, que inventara uma batida diferente, nunca ouvida antes, que formaria a base rítmica da Bossa-Nova – termo que nem existia ainda para designar o movimento musical que surgiu com esse álbum.

Depois de “Canção do Amor Demais”, a música popular brasileira tomou novos rumos e jamais foi a mesma. A guinada estética que este álbum seminal representou e as inovações que trouxe transformaram a música brasileira e indicaram definitivamente o caminho para a sua modernização.


(Denisson Ventura)

1 Chega de Saudade
2 Serenata do Adeus
3 As praias desertas
4 Caminho de pedra
6 Janelas abertas
7 Eu não existo sem você
8 Outra vez
9 Medo de amar
10 Estrada branca
13 Canção do amor demais

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sábado, 13 de junho de 2009

Quarteto Novo - Quarteto Novo - 1967




Quarteto Novo, de 1967, é o primeiro e único disco do quarteto homônimo, formado por Théo de Barros (violão e contrabaixo), Airto Moreira (bateria e percussão), Heraldo do Monte (violas e guitarra) e Hermeto Pascoal (piano e flauta). É, sem dúvida alguma, um dos discos mais importantes da história da música popular brasileira, pois trouxe importantes inovações, sobretudo para a música instrumental, que na época do surgimento do conjunto (que nasceu como Trio Novo, ainda sem Hermeto), encontrava-se muito fechada em preconceitos e resumia-se, basicamente, aos trios de bossa-nova e conjuntos de samba-jazz.


Nesse sentido, a maior importância do Quarteto Novo está em sua concepção musical, em especial na parte de arranjos e improvisações. Todos os conjuntos instrumentais da década de 1960 (a maioria, trios e quartetos) tinham mais ou menos a mesma concepção musical, isto é, baseavam-se em estruturas e fraseados jazzísticos para as improvisações, em detrimento de uma forma mais brasileira de improvisar. O Quarteto Novo mudou isto, introduzindo uma maneira peculiar e bem brasileira de improvisar e de fazer arranjos. Também contribuiu para romper preconceitos que existiam com relação à música regional, sobretudo a nordestina.


A música nordestina, aliás, é a referência mais forte nesse álbum. É a partir da estrutura de gêneros musicais nordestinos, como o baião, o xaxado, a moda de viola, entre outros que os músicos do quarteto inventaram uma nova forma de arranjar os temas e de improvisar sobre eles, ou seja, criaram uma nova linguagem musical, própria, diversa e exuberante.


Além dessa mudança de paradigma em termos de arranjos e improvisações, o Quarteto Novo trouxe uma representativa inovação em sua própria formação instrumental, que, além do piano, da bateria e do contrabaixo, contava também com a flauta, a guitarra, o violão, a viola e a percussão, todos esses instrumentos tocados de modo sobremaneira novo, peculiar e virtuosístico.


Infelizmente, o Quarteto Novo durou apenas dois anos, dissolvendo-se em 1969. Mas sua passagem meteórica deixou um rastro de inovação e originalidade que marcou definitivamente a história da MPB, colaborando, desse modo, para sua evolução e consolidação como uma das músicas mais fortes e influentes do mundo.



(Denisson Ventura)


2 Fica mal com Deus
4 Algodão
5 Canta Maria
6 Síntese
8 Vim de Sant'Ana

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quarta-feira, 3 de junho de 2009

Baden Powell & Vinícius de Moraes - Os Afro-Sambas - 1968



“Os Afro-sambas”, de Baden Powell e Vinícius de Morais, são um divisor de águas na história da música brasileira. Em pleno auge da Bossa-Nova, Baden e Vinícius interessaram-se pela musicalidade afro-brasileira e mergulharam de cabeça nessa cultura, indo buscar ritmos, sonoridades e motes em terreiros de candomblé da Bahia. O resultado desta “pesquisa” foram os belos “afro-sambas” – denominação dada pela própria dupla ao conjunto de composições –, produzidos todos em parceria em 1962, mas só gravados em 1966.


Para gravar o disco, Baden e Vinícius convidaram o Quarteto em Cy (recém formado e apadrinhado pelo poetinha) e vários músicos conhecedores de ritmos do candomblé. Além desses músicos, também participaram das gravações vários amigos dos autores, que formaram um coro “amador”, a fim de dar uma ambientação rústica às músicas. O violão de Baden, tocado de maneira bastante singular, com simplicidade, guia toda a base, inclusive a percussão, e vem reforçar esse clima de terreiro de candomblé, simples e espontâneo. Os arranjos de metais e de coro são de Guerra-Peixe, que assimilou muito bem a proposta de espontaneidade e rusticidade do álbum.


Depois desta incursão dos dois compositores nessa temática da cultura afro-brasileira, que, de certo modo, estava um pouco posta de lado na década de 1960 – apesar da sua grande importância para toda a música brasileira –, vários outros músicos passaram a se interessar também por essa musicalidade, tão rica e diversificada. A própria Bossa-Nova, música feita mais por brancos do que por negros, sofreu uma forte influência dessa forma de música ancestral que Baden e Vinícius resgataram com seus afro-sambas.


Várias músicas deste disco tornaram-se verdadeiros clássicos da MPB e são regravadas por inúmeros músicos e cantores até os dias de hoje. São exemplos: “Canto de Ossanha”, “Canto de Xangô”, “Tempo de amor” e “Tristeza e Solidão” (nesse sentido, vale destacar aqui o belo registro que a cantora Mônica Salmaso e o violonista Paulo Belinatti fizeram dos afro-sambas em 1995).


Assim, “Os Afro-Sambas” é um álbum verdadeiramente antológico; sem dúvida, um dos que exerceram maior influência em músicos de várias gerações, merecendo grande destaque na história da MPB.


(Denisson Ventura)

Faixa a faixa:

1 - Canto De Ossanha

2 - Canto De Xangô

3 – Bocoché

4 - Canto De Iemanjá

5 - Tempo De Amor

6 - Canto Do Caboclo Pedra Preta

7 - Tristeza E Solidão

8 - Lamento De Exu


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