sábado, 4 de julho de 2009

Milton Nascimento - Travessia - 1967


Milton Nascimento é, sem dúvida, o compositor mais original de sua geração, um músico que não seguiu nenhuma linhagem musical específica, mas criou sua própria linhagem e sua própria linguagem, ao mesmo tempo simples e complexa, densa e popular, acessível e extremamente expressiva. Como afirmou Caetano Veloso, Milton, sozinho, é um movimento musical. E em seu disco de estréia, o cantor e compositor já mostra que é um verdadeiro criador musical, do tipo que só surge raramente e que só poderia ter nascido no Brasil.

Gravado em 1967, mesmo ano em que Milton classificou três músicas no Festival Internacional da Canção, o álbum contou com a participação do Tamba Trio em todas as faixas e foi arranjado por Luiz Eça (líder do trio) e por Eumir Deodato, que fizera as orquestrações das três canções classificadas no FIC (Travessia, Morro Velho e Maria, Minha Fé).

Embora “Travessia” tenha ficado em segundo lugar no FIC de 1967, este ficou conhecido como “Festival de Travessia”, tamanho o êxito da canção de Milton e Fernando Brant, sobretudo entre os músicos e os críticos, que reconheceram na musicalidade de Milton algo plenamente novo, somente comparável talvez, em termos de originalidade, à Bossa-Nova à época de seu surgimento.

Este álbum, gravado pouco tempo depois da realização do FIC, é a ratificação desta musicalidade ímpar, já notada por músicos e críticos nas canções apresentadas no festival e em mais sete belas canções que se tornariam, em sua maioria, verdadeiros clássicos da música brasileira, algumas regravadas inúmeras vezes no Brasil e no mundo.

Mas não é só como compositor que Milton é original; o Milton cantor, o Milton intérprete também chegou para fazer escola, para indicar novos caminhos para o canto, equilibrando uma certa suavidade bossanovística com um vigor interpretativo sobremaneira novo, tudo isso junto a sutilezas vocais que ele aprimoraria ainda mais com o tempo e que influenciariam toda uma geração de cantores.

Apesar do grande prestígio que Milton adquiriu junto a músicos e a críticos depois do FIC e da gravação deste álbum, demorou um pouco para que ele se tornasse um músico realmente popular. E isso, de certo modo, é um atestado de sua grande qualidade artística: um músico idiossincrático, que não fez concessões em troca de sucesso imediato, mas preferiu aprimorar-se como músico e continuar fazendo seu trabalho com verdade e interesse puramente artístico.


1. Travessia (Milton Nascimento, Fernando Brant)
2. Três Pontas (Milton Nascimento, Ronaldo Bastos)
3. Crença (Márcio Borges, Milton Nascimento)
4. Irmão de Fé (Márcio Borges, Milton Nascimento)
5. Canção do Sal (Milton Nascimento)
6. Catavento (Milton Nascimento)
7. Morro Velho (Milton Nascimento)
8. Gira, Girou (Márcio Borges, Milton Nascimento)
9. Maria, Minha Fé (Milton Nascimento)
10. Outubro (Milton Nascimento, Fernando Brant)


(Denisson Ventura)

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