quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Novos Baianos - Acabou Chorare 1972


No início da década de 1970, o que se convencionou chamar MPB já estava bem consolidado: uma música rica melódica, rítmica e harmonicamente. A Bossa-Nova foi, sem dúvida, a maior fonte dessa riqueza harmônica, pois em termos de melodia e ritmo a música popular brasileira sempre se destacou sobremaneira.

Se, por um lado, a Bossa-Nova legou um importante patrimônio harmônico para a MPB, por seu turno, o tropicalismo abriu a música brasileira para as influências estrangeiras (rock e música latino-americana, sobretudo) e também resgatou outros elementos da própria música brasileira que haviam sido esquecidos ou desprezados por uma atitude mais elitista. Ou seja, no final da década de 1960 e começo da seguinte, a música popular brasileira era mais popular, diversificada e universal do que nunca, graças a todas essas contribuições.

Seguindo uma linha evolutiva baseada tanto na tradição harmônica sofisticada herdada da bossa e da nova MPB quanto numa liberdade de criação típica da música mais pop, os Novos Baianos surgiram no cenário musical brasileiro final dos anos 60 e inícios dos 70 com uma música ao mesmo tempo sofisticada, descontraída, elaborada e nova.

Formado, basicamente, por Moraes Moreira, Paulinho Boca de Cantor, Luiz Galvão, Dadi Carvalho, Jorginho Gomes, Pepeu Gomes e Baby Consuelo (também teve em sua formação inicial Baixinho e Bolacha), o grupo lançou seu primeiro álbum, “Ferro na Boneca”, em 1970, ainda com mais influência do rock do que da MPB. Embora não seja um disco clássico, não tenha obtido grande êxito comercial e não tenha chamado a atenção da crítica à época de seu lançamento, este primeiro disco já dá uma pequena mostra da mistura de gêneros que os Novos Baianos propunham, até mais natural do que proposital, já que o grupo era formado por músicos com influências diversas, tendo todos em comum uma grande musicalidade e muito entrosamento.

Em 1972, depois de uma intensa convivência com o grande ícone da Bossa-Nova, João Gilberto, que era considerado pelo grupo um verdadeiro guru musical, os Novos Baianos suavizaram um pouco as guitarras distorcidas e investiram mais maciçamente em harmonias elaboradas, em poesia e em samba, sem deixar de lado o rock, mas lançando mão dele de uma maneira mais suave e sutil.

A partir dessa guinada em sua concepção musical, que aconteceu sob a influência de João Gilberto, o grupo lançou o clássico álbum “Acabou Chorare”, que chegou a ser considerado o melhor álbum brasileiro de todos os tempos pela revista especializada Rolling Stone.

Exageros à parte, “Acabou Chorare” é, de fato, um grande disco, muito coerente, pulsante e elaborado, que nunca se tornou datado ou ultrapassado. Os Novos Baianos , coletivamente (embora a maior parte das músicas sejam exclusivamente dos parceiros Moraes Moreira e Galvão), conseguiram produzir um disco de excepcional qualidade, que influenciou artistas contemporâneos ao seu lançamento e de gerações posteriores. Pode-se dizer, sem medo de errar, que “Acabou Chorare” é um dos discos mais importantes da música popular brasileira. Um disco que traçou um caminho seguido por muitos.



(Denisson Ventura)



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