quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Egberto Gismonti - Egberto Gismonti - 1969


Considerado por crítica e músicos dos mais diversos gêneros um dos maiores e mais completos músicos do mundo, Egberto Gismonti estreou sua carreira discográfica com este álbum, gravado um ano após classificar-se no Festival Internacional da Canção de 1968 com sua música “O Sonho” (letra e música de sua autoria).

Músico de grande erudição, tendo estudado piano (entre outros instrumentos), arranjo e regência em conservatório, Egberto Gismonti encontrou na música popular sua forma de expressão artística mais forte sem, no entanto, nunca abandonar a música erudita mesmo em seus trabalhos ditos populares, tanto assim que todas as orquestrações deste álbum (e dos que viriam depois) são de sua autoria.

Aliás, acerca desse aspecto de sua musicalidade – a erudição a serviço de uma expressão mais popular e vice-versa – vale tecer alguns comentários, pois não é apenas um aspecto sobremaneira interessante de sua obra, mas uma tendência marcante em determinada linha evolutiva da música popular brasileira, que já começa talvez, com o gênio de Pixinguinha, passa de certo modo por Ary Barroso, Vadico, Garoto entre outros (sem falar nos que fizeram o caminho “inverso”, como Villa-Lobos, Guerra-Peixe, Radamés, Camargo Guarnieri e etc.) e em Tom Jobim atinge seu ápice, de modo que a linha entre o erudito e o popular torna-se cada vez mais tênue e insignificante. Essa linha evolutiva seria retomada na década de 1960 por músicos como Francis Hime, Edu Lobo, Dori Caymmi e, de modo ainda mais expressivo, por Egberto Gismonti.

Neste seu primeiro disco, Egberto demonstra esta sua musicalidade singular e inclassificável: não se sabe onde termina o popular e começa o erudito e vice-versa tamanha a perfeição desta fusão. Musicalidade esta que chamaria a atenção de músicos do mundo todo, sobretudo os da Europa, onde Egberto faria sólida e muito bem sucedida carreira como instrumentista, compositor e arranjador.

Este primeiro álbum, totalmente autoral, foi gravado e lançado pela Elenco, gravadora que prezava pela qualidade artística e pelo bom gosto, que lançou na década de 1960 alguns dos mais importantes álbuns da música popular brasileira.

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